Julho. Começa outra caminhada.
Só vai, sem olhar para trás.
Atrás ficaram as sementes:
todas boas.
As árvores vão crescer e, talvez, não sejas tu, Adelaide, que dormirás sob suas sombras.
Mas haverá alguém, sempre há.
Sempre haverá alguém que usufrua da sombra das tuas árvores, Adelaide!
E isso é lindo.
_O que é lindo? Não poder deitar sob as árvores que plantel?_
Não, boba!
Lindo é saber que o chão que tu pisas floresce, verdea, brota.
Tá vendo aquela árvore altaneira lá ao longe? Aquela tão alta que até parece que nasceu sozinha? Aquela cuja copa a tua vista não alcança? Aquela cuja semente pititica regastes com atenção e zelo? Aquela que no vendaval protegestes com teu próprio peito? Aquela do galho fininho, que por um triz se romperia? Aquela que nem sabia que tinha estirpe e qualidade? Mas dissestes isso a ela _ lembra dela?
Olha, Adelaide! É ela!
Agora nem se curva.
Abriga mil filhotes em sua copa e outras tantas arvorezinhas ao seu derredor.
Olha, Adelaide!
Olha pela última vez antes de partir.
Ela já não sabe de ti.
E o que importa?
Importa que saibas que a plantou. Só isso.
Segue teu caminho por esse Julho que vem vindo.
Outras sementes estão crescendo por aí.
Outras que tu nem te lembras que semeou.
Outras vem, virão.
Deita teu passo antes que teu corpo deite e sejas adubo.
E quando isso se fizer cumpriu-se teu enredo.
Chegaste ao desfecho.
Sem plot Twist.
Só o sono da PAZ.