Meus olhos estavam lá no alto, nas folhas dos eucaliptos, acompanhando as correntes de ar bailando entre as árvores. No colo, o lápis marcava a página do romance, bem no trecho em que a narradora explicava porque a personagem-mãe era tão obsessiva com a filha mais nova. De repente saiu do mato uma capivara jovem. Mesmo olhando para cima pude ouvir o mastigar peculiar dessa espécie. Em ato contínuo olhei em volta à procura da "qual é mesmo o coletivo de capivara?" Elas só andam em grupo. Mas aquela estava só, feito eu. Quando virei a cabeça para vê-la, lá estava ela olhando para mim. Nos encaramos por alguns segundos numa cumplicidade de quem precisa de um pouco de solidão para ser feliz.
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