Ed acordou antes que o sol nascesse e pôs-se a escrever um conto. Gostava de trabalhar naquele horário, entre a noite e o dia, quando parecia que o silêncio abraçava a casa e se podia ouvir apenas o som da máquina. O tíquetaquear da Lettera 82 verde começava como um passo de tango, quando os bailarinos se desafiam sem, no entanto, entrelaçarem os corpos. Depois do café, dedos relaxados, as types tornavam-se sapateadores fluindo pelo salão, que, no caso, era o papel mesmo. Às vezes, Ed escolhia um papel qualquer, que depois se mostraria vulgar, insuficiente para produzir o som de quem escreve relevância. Será que o que escrevia era relevante? Será que alguém lia seus escritos? Será que algum dia seria validada por alguém importante? Alçada ao rol daqueles que têm livros espalhados por livrarias em todo lugar? Papéis brancos davam nisso __ questionamentos utilitários. Sua prosa, apesar de muito útil, não poderia nunca ser utilitária. Trocou o papel e, diante de um Pólen 80, voltou a escrever como uma artista e, não mais, como uma oportunista da palavra.
Adelaide Paula
Olá, tudo bem?
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@adelaidepaulaescritora