Adelaide Paula
A Literatura é o traje mais sofisticado que alguém pode vestir.
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A DOCE TORTURA DE TRANSPOR PORTAIS
Eu não preciso me explicar para ninguém. Eu preciso me explicar para mim mesma. Preciso me  entender e me amparar. As palavras me ajudam nesse processo. Poder nominar cada sentimento, dar o exato nome a tudo o que sinto. Sobretudo, dar nome ao que me machuca, àquilo que me fere, é essencial para que eu siga saudável. E, pensando nisso, me dou conta que sempre soube trabalhar o protagonismo nos outros, menos em mim. Anos a fio, teci projetos nos quais meus alunos assumiam os holofotes. Eles estavam à frente de tudo. Nos palcos. Nos bastidores. Nos textos. Nos concursos e prêmios que ganhamos. Sempre puxei para frente o tímido. Dei voz à minoria. Exaltei a participação do excluído. Exigi os aplausos para as meninas.  E exigi delas o respeito pelos bancos escolares, o sagrado lugar que as mulheres só ocuparam muito tardiamente. Ensinei-as a reverenciar outra mulher, não para praticar a tal sororidade. Não. Mas, como gratidão necessária a quem perdeu a vida para que pudéssemos estar ali, estudando. E, em se tratando de mulher negra então, foi literalmente o sangue que nos moveu. Toda mulher negra viva é a vitória de uma ancestralidade de mulheres negras massacradas, estupradas, violadas em sua dignidade. Mulheres que nunca souberam o que era o salão de festa. E quando nele estavam, eram invisíveis serviçais. Sem voz, sem vez. Sem autoridade ou alteridade. Damas de companhia das sinhazinhas. Essas sim, as protagonistas, inclusive da violência. Talvez, por causa desse apagamento da mulher negra na história em geral e, na Literatura em particular, eu tenha começado a me sentir estranhamente amedrontada. Mãos suando frio. Coração em taquicardia. Respiração descompassada. Mudez. Comecei temer ir à frente e falar. Como se não tivesse passado mais de trinta anos fazendo isso. O medo se espalhou pelo meu caminho, chegou à classe de francês e aquela “Adelaide falante” começou a sumir. Ao mesmo tempo os compromissos literários iam se avizinhando. Os tais lançamentos. De repente o pânico se instalou. Eu tinha vontade de desistir. Criava fantasmas e hipóteses para o fracasso. A cena do filme “Carrie a estranha”, em que um balde de tinta cai sobre a personagem quando ela adentra o salão, me atormentava. Ou, o grito ensurdecedor de uma sala vazia onde não haveria ninguém para me receber. As criticas, as vaias. O risinho debochado de quem diz: “ esse aí não é o seu lugar!”. Tudo era razão para voltar atrás. Foi quando me dei conta do que estava acontecendo. Estava emergindo um temor ancestral. De muitas gerações postas sobre o meu ombro. Eu estava transpondo os portais da cozinha para o salão. Rompendo uma ordem. Quebrando uma lei. Corri para terapia e comecei a nominar meus medos. Anotei e analisei os sonhos que me ocorriam. Gritei e chorei sozinha, debaixo do chuveiro, várias vezes. Briguei comigo mesma. E quando meu eu dizia “para!” Os meus nós diziam “em frente” E assim foi. Peguei na minha mão e disse: _Vamos, eu estou com você! E se todos lhe abandonarem, eu estarei lá para brindar com você. E, na primeira vez que fui apresentada para uma plateia branca como a escritora “Adelaide Paula”, vi que não estava sozinha. Lá, estavam comigo todas as outras mulheres negras que vieram antes de mim. E todas me aplaudiram entusiasticamente de pé. Ainda tenho medos. Ainda me ocorrem temores. Mas, quando as vozes começam a tagarelar, eu não as silencio. Eu digo: _Venham! Falem! Eu estou aqui para ouvi-las e dizer: – Não temam, tudo vai dar certo. Aliás, já deu.
Instagran:@adelaidepaula    

Birds flying high
You know how I feel
Sun in the sky
You know how I feel
Reeds driftin' on by
You know how I feel
It's a new dawn
It's a new day
It's a new life
For me
And I'm feeling good
I'm feeling good
Fish in the sea
You know how I feel
River running free
You know how I feel
Blossom on the tree
You know how I feel
It's a new dawn
It's a new day
It's a new life
For me
And I'm feeling good
Dragonfly out in the sun, you know what I mean, don't you know
Butterflies all havin' fun, you know what I mean
Sleep in peace when the day is done, that's what I mean
And this old world is a new world
And a bold world
For me
For me
Stars when you shine
You know how I feel
Scent of the pine
You know how I feel
Oh freedom is mine
And I know how I feel
It's a new dawn
It's a new day
It's a new life
It's a new dawn
It's a new day
It's a new life
It's a new dawn
It's a new day
It's a new life
It's a new life
For me
And I'm feeling good
I'm feeling good
I'm feeling so good
I feel so good      
Adelaide Paula
Enviado por Adelaide Paula em 31/07/2019
Alterado em 31/07/2019
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