Adelaide Paula
A Literatura é o traje mais sofisticado que alguém pode vestir.
Capa Meu Diário Textos Áudios E-books Fotos Perfil Livros à Venda Prêmios Livro de Visitas Contato Links
PESCADOR DE SOLIDÃO
A canoa seguia deslizando silenciosamente sob a lua cheia. Às vezes, a borda laminada luzia como um falso brilhante, mesclando-se à superfície caudalosa do rio. A água serpenteando a mata de um lado a outro. A mata abraçando o barco de popa à proa. Inexplicavelmente, o silêncio era indelicado, profundo e nostálgico. Parecia que os seres viventes prestavam solidariedade à dor que era só dele naquele dia. Não se sabe por que, mas ao invés de peixe, pescou solidão. E ela doeu tanto que ele chorou. Não só chorou, mas urrou como um cão. E bebeu até estancar o choro, já que a dor ninguém lhe tirava do peito. Foi quando dormiu. E dormindo não viu quando um Piraíba de mais de duzentos quilos fiscou a isca e de presa virou predador, puxando o barco entre dentes. E um era refém do outro sem saber. No meio da mata, no meio da noite, num rio do Brasil.

Vem comigo também no Instagram: http://www.instagram.com/adelaidepaula/ e no Twitter: @adelaidepaula
Adelaide Paula
Enviado por Adelaide Paula em 15/05/2018
Alterado em 15/05/2018
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
Comentários