ÁGUA VIVA, 23 DE ABRIL DO CORRENTE ANO.
Tarsila,
Que bons ventos me trazem essa carta. Sinto-me revigorada com as suas palavras e por saber que aceitou minha proposta. O corpo humano é isso mesmo, pura química. Vez ou outra, por razões múltiplas, acontece um desequilíbrio e nossas emoções ficam fora de controle, parece que estamos numa cidade sitiada. É o que você vê agora que eu insistia em lhe mostrar: a relatividade dos sentimentos absolutos. Imagine se você tivesse se casado para preencher uma falta ou se tivesse filhos da ansiedade? A depressão nos deixa perto do coração selvagem, à beira do abismo da existência. No processo de cura o terapeuta é como um lustre iluminando pontos obscuros aqui e ali, histórias nubladas no outono da vida. Caminhemos agora em busca da cura. Ela virá como uma felicidade clandestina, inundando seus dias de luz. Avante, Tarsila! Permita - se criar! O universo das Artes Plásticas não tem contraindicações. Chegou a sua hora de brilhar, a hora da estrela.
Por mais que um sopro de vida,
Clarice
P.S.: Que tal convidarmos alguns amigos para uma exposição conjunta?
Adelaide Paula
Enviado por Adelaide Paula em 23/04/2018
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