O ANJO DE BETESDA
E bastou que Jesus chegasse e tornasse óbvio aquilo que parecia impossível de compreender. Aquele paralítico esperava por 38 anos alguém que viesse e o levasse até a piscina em que o anjo movia a água que permitia o milagre acontecer. O paralítico, que o era tanto quanto eu sou, esperava que alguém o pegasse pela mão assim como eu também espero, alguém que o livrasse daquela paralisia, assim como eu também espero que alguém me livre dessa imobilidade. É, o paralítico não só estava paralítico, mas também estava cego. Impotente como eu também estou. E ele tinha de ser o primeiro e, todo mundo sabe, ser o primeiro requer certas regalias e privilégios que nem sempre são fruto da meritocracia pessoal ou da mais pura e simples simpatia alheia. E, talvez, o paralítico também não fosse o mais simpático dos paralíticos. Talvez, fosse só mais um paralítico. Um paralítico meio leproso das mazelas da vida: muitas dores, muitas rejeições e despedidas o fizeram sem humor. Como tantas vezes eu também penso que sou. De repente, ele desistiu de sorrir para agradar ou desistiu de fazer-se de contente, de igual, quando todo mundo o apontava como diferente. Simplesmente, ele cansou de fingir que não ouvia o riso e o escárnio por trás de si. Talvez...talvez por isso ele nunca foi o primeiro. Só um milagre o curaria. O que ninguém pode negar é que ele tinha fé, pois soube esperar. Não a fé narcisista em si mesmo. Essa ele não tinha, mas ele esperava por Alguém que o curasse, era nisso que ele cria. E veio no meio da multidão Aquele cara e o curou. Simples assim, no meio de uma tarde de sábado. Assim. Simples. "Levanta e anda". Simples assim. Eu também espero por Ti, Jesus. E, pode vir em qualquer dia da semana.
Adelaide Paula
Enviado por Adelaide Paula em 14/07/2017
Alterado em 14/07/2017
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