Adelaide Paula
A Literatura é o traje mais sofisticado que alguém pode vestir.
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APOSENTADORIA: NUNCA PENSEI NESSE DIA
Não podia ser diferente, bem no dia dos namorados, descubro-me aposentada. E quem há de negar que a profissão não seja mesmo uma seriíssima relação amorosa? Não sei os outros, mas a minha foi assim para mim. Talvez, inclusive, pelo tanto que me dediquei a ela e as exigências dela; não me entreguei por completo a outro relacionamento. Enquanto os outros encontros eram paixões volúveis, a Educação era amor. E como tal, com seus altos e baixos. Às vezes, instigante e provocadora, cheia de aventuras e desafios. Às vezes, rotineira e modorrenta. Mas, eu nunca desisti de tirar dela tudo o que ela podia me dar. Lutei a cada novo dia com cada gota de suor, cada palavra apreendida. Cada rima da poesia ou paradigma da prosa. E nessa labuta diária descobri que amar o trabalho é uma bela forma de amar, de se amar. Ocupação e distração. Algumas vezes, até diversão. Já ri muito em sala, umas risadas bem gostosas, divertidas. Mas, também já chorei e fiquei frustrada. Ser professora é meio ser mãe. É a mãe que põe as regras, enquanto o pai só chega depois para brincar com o filho. E em matéria de "por as regras" fui campeã. Não deu para ser o tempo todo aquela professorinha de filme, de minissérie ou de novelinha do SBT. Monocórdica, de fala doce e mansinha. Infelizmente, cada vez mais os serumaninhos chegam à escola desumanizados. Aí, você escolhe: sucumbir ou agir. Sempre escolhi agir. Sempre. Acho que foi agindo que cheguei até aqui, trinta e um anos depois. Saudável. Ou melhor, com sequelas mínimas e discretas. O curioso é que, às vezes, também sou elogiada por isso. Não raro escuto alguém falar; ou ex-aluno ou pai de aluno: “você foi a única que deu jeito em mim / no meu filho.” Professora-psicóloga-mãe-policial-investigadora-carrasca-guru-filósofa-médica-consultora-amiga-cúmplice-musa-entidade-faxineira. Sempre acumulando funções. Mas, não dá para fugir da raia. Cada profissão tem as suas exigências, seus requisitos. A única coisa fundamental é o desejo de acertar. Quando a gente quer acertar; se recicla, se moderniza, investe tempo e dinheiro e corre atrás. Compete duro consigo mesmo para ficar melhor a cada ano letivo. Às vezes dá, às vezes não. Às vezes, tudo flui, tudo lhe é favorável. Às vezes, é o contrário. Há obstáculos pelo caminho. Mas, obstáculos devem ser superados. Eu os superei só para hoje poder dizer: Fui, vi e venci! Graças a Deus!  
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Adelaide Paula
Enviado por Adelaide Paula em 12/06/2017
Alterado em 12/06/2017
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