CONHECEREIS A VERDADE E ELA VOS LIBERTARÁ - 02/03/2017
Conhecereis a verdade e ela vos libertará. Essa é a premissa de uma vida leve; não carregar pesos desnecessários. Lidar com a matéria prima que se tem no processo de existir. E o que existe é aquilo o que temos e nos é suficiente. A mentira sempre demandará outra e um arremate mais além. A primeira mentira a ser eliminada é aquela que contamos para nós mesmos. Aquela que nasce de uma necessidade artificial que a nossa mente julga precisar. Julga precisar porque no processo de se tornar gente, entre um ciclo ou outro, sublinarmente, se impregnou nela uma pseudo necessidade. Nossa mente foi alimentada por polifonias desde tenra infância, antes mesmo de nascermos, pelas vozes de nossos antepassados, pais, familiares, primeiros grupos sociais nos diversos ambientes que frequentamos. É preciso silenciar essas vozes. Colocar cada qual em seu lugar. Nenhuma delas nos pertence de fato, mesmo fazendo parte da nossa constituição. Deve ser nosso projeto constante desconstruir esses discursos e contra-argumentar a cada “verdade” dita por elas. Cada pensamento que surge como uma verdade absoluta é um fragmento de uma voz. É necessário “terapeutizar” essa afirmação; devolver em “porquês” cada paradigma incestuoso. Até que o fio se torne tênue, se rompa e a voz se cale. As vozes que falam de nós, do quanto somos ou não somos. Do quanto podemos ou não. Daquilo que nos é permitido ou não. Que afirma sobre a felicidade que podemos usufruir na aventura de viver. Felicidade que quase sempre custa algo. Para elas. Felicidade que sempre está associada com um preço que não vale a pena pagar. São falácias que contaram aos nossos antepassados e eles nos repassaram de geração em geração. Chegou a hora de interromper esse ciclo; de dizer: “Muito obrigado (a) por tudo até aqui; daqui em diante eu sigo sozinho (a)”. Por outro lado, há a mentira que nasce fora de nós e que nos imputa necessidades. De fato, poucas são as coisas das quais realmente precisamos. Grande parte de nossas necessidades são produzidas artificialmente por mecanismos sociais que manipulam o nosso poder de escolha. As diversas sociedades movidas por diferentes ideologias manipulam o nosso desejo por meio de instrumentos de controle social como, por exemplo, a publicidade. Essa máquina de fomentar insatisfações para depois nutrir tais insatisfações por desejos ao mesmo tempo intensos e fugazes. Por isso, nunca estamos satisfeitos, pois o que a princípio nos parece essencial torna-se fugaz assim que consumido. Num contínuo ciclo vicioso, somos como os craqueiros afligidos pelo vício mais aceito socialmente: o consumismo. Começamos consumindo necessidade e depois descemos ladeira abaixo devorando coisas, sentimentos, pessoas, fé e nós mesmos. Devoramos nossas entranhas, rasgando nossa carne, tascando lascas de nós, infringindo dor, implantando cânceres para poder adoecer e consumir remédio. Consumimos maldade e dela fazemos pensamentos abomináveis, os quais transformamos em palavras torpes e ações vis. Tudo para consumir culpa, remorso e arrependimentos e, assim, ficarmos ansiosos e depressivos e podermos justificadamente consumir remédios. E os loucos e drogados são os outros. Chega. Chegou o tempo de sermos plena atenção sobre nós e o que nos move. Começando dentro um silenciamento contínuo e constante. Calar primeiro para, quem sabe, depois falar. Se necessário for.
Adelaide Paula
Enviado por Adelaide Paula em 03/06/2017