É como uma ferida aberta pululando; a crise no Brasil não tem fim. Então fico me perguntando se não é muito lógico que continue como está por muito tempo ainda. Sobretudo, se pensarmos sistemicamente em como a política acontece a partir da invisibilidade de tantas vidas desde sempre. Não é algo de um governo ou um político em especial, mas de todos os políticos o tempo todo. Não é possível que tantas vidas sejam negadas impunemente. Falo de uma perspectiva espiritual e sei que essa perspectiva sequer existe para algumas pessoas; elas realmente não creem na lei do retorno, ou da semeadura ou algo semelhante. Essas pessoas estão tão comprometidas com a sua corporeidade material, estão tão fincadas nesse tempo presente e no acúmulo de riquezas que absolutamente nada pode segurá-las. São vampiros mesmo. Sugam a sociedade e suas instituições e, assim como a criatura da tumba, não há fim para suas ambições. Os valores monetários astronômicos divulgados pela imprensa, impensáveis para nós mortais, nunca são suficientes. Essas pessoas são como a bruxa do conto de fadas que sempre precisa do sacrifício de uma linda jovem para que o elixir da juventude nunca acabe. De geração em geração o mal vai se perpetuando. Aquela história de o pai deixar o nome como herança e o nome ser um objeto de riqueza moral inexiste. Essas famílias de políticos, empresários são famílias mafiosas nas quais o mal passa de pai para filho e assim por diante. O senso de vergonha, de decência, de ética é nulo. O Brasil continua sistemicamente sendo pilhado desde o seu descobrimento. Os “desbravadores”, na verdade perversos saqueadores, foram exaltados pelos livros de História como heróis. Os índios, donos da terra, foram dizimados. E as poucas tribos que resistem continuam tombando diante do poder dos grileiros, latifundiários em consonância com o governo. Os negros continuam escravizados pelo trabalho braçal, mal remunerado e exterminados quando ousam confrontar o Estado. Tudo está errado e enquanto não fizermos faxina em nosso passado não nos dará jeito milhares de Lava-jato.