DESEJO DE MORTE E PULSÃO DE VIDA
Belchior se desfez de tudo o que conquistou. Aos poucos. Foi desapegando de tudo o que cria dependência, largando pelo caminho uma coisa e outra. Imóveis, documentos e patrimônio cultural. Deixou de fazer, de buscar, de construir. E aos poucos, deixou de existir. E foi o que aconteceu. Como se houvesse uma borracha que apagasse e negasse que um dia você fez parte dessa história chamada Humanidade. Espantosamente a força de morte se torna mais forte que a força de vida. O sem sentido da existência sem sentido, a falta de conexão com a realidade, essa que nos vendem como verdade. Nela a perspectiva de viver é sempre ter. Acumular, juntar. Seu tempo sendo de todos, menos seu. Agenda com hora marcada. Uma vida pautada, com roteiro de segunda a segunda. E no final, um júri preparado para dizer se você venceu ou se foi derrotado. Um lugar para chegar, uma meta a ser batida. E sem perceber estamos todos na esteira que leva ao fim da vida. Talvez seja por isso que surjam tantos suicidas que abraçam o desejo de morte e abandonam a pulsão de vida.
Adelaide de Paula Santos em 02/05/17, às 23 : 37.
Adelaide Paula
Enviado por Adelaide Paula em 02/05/2017
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