SEJAMOS TODOS FEMINISTAS
A vida imita a arte. O ator vai à mídia dizer que errou se arrependeu, as pessoas o aplaudem e o redimem: “bacana da parte dele, hein? Assumir que errou”. Só que não foi um erro, foi um crime. Previsto em lei. Crime. Mais do que nunca é necessário que sejamos feministas; todos. Homens e mulheres: sejamos feministas. Não porque achamos moderninho ou porque estamos engajados em alguma luta política específica, de alguma corrente partidária ou filosófica. Sejamos todos feministas porque a violência tem aumentado consideravelmente contra as mulheres. Violência que não distingue cor, classe social ou condição econômica. Basta passar o dedo pela timeline e ler as notícias de hoje: “o ator que não satisfeito com o resultado de suas investidas pegou na “boceta” de sua vítima, assim mesmo, com todas as letras; tal o grau de violência que esse gesto anuncia.” “O cantor que empurrou e manteve em cárcere privado a esposa grávida. Ele negou, mas as câmeras mostraram.” “O desconhecido que violentou e matou a estudante universitária na volta da escola.” Sejamos feministas, ou seja, lutemos pela igualdade entre os gêneros. Não se trata de “Femismo” que é o contrário de “Machismo”. É um bem maior, aquele que garante a homens e mulheres o direito de caminharem juntos, lutando por causas e pela autopreservação. Homens e mulheres nutrindo mútua empatia e solidarizando-se. Diferentes e complementares. Iguais na sua humanidade. Sejamos feministas ao interrompermos uma brincadeira que vai terminar em agressão psicológica, verbal ou até mesmo física. Sejamos feministas ao chamarmos a atenção daquele cara que a gente adora, mas que explicita toda sua misoginia em piadas, gestos e palavras. Eduque-o! Se você realmente gosta dele, ensine-o a respeitar a mulher e todo o universo feminino como ele respeita a qualquer um. Às vezes, o que falta é educação mesmo. Aquela que deveria vir do berço, mas não veio. Ou melhor, veio de um berço que considerava a mulher como um objeto do riso, do uso e da galhofa. Sejamos todos feministas no processo de reeducar, de mostrar, de interromper, de silenciar uma voz machista, misógina. Se há o mínimo de consciência em você, seja homem ou mulher: Aja! Não perpetue práticas que vão prejudicar alguém, quem sabe até mesmo quem as pratica. A nossa omissão, a nossa indiferença, a nossa naturalização daquilo que não é natural, a nossa generalização, a nossa interpretação destorcida: sempre vendo culpa na vítima é o que impulsiona os crimes contra mulheres. Quando agimos assim, estamos todos com sangue nas mãos. Exagero? Não. Matamos a alma quando tiramos o respeito e a dignidade de alguém, igualmente como àquele homicida que nega respeito e dignidade a sua vítima quando viola e mata o corpo. Sejamos todos feministas. Já! Não é necessário ser mulher ou ter uma filha, uma irmã ou mesmo uma mãe. Mesmo sabendo que todos viemos de uma mulher, não é necessário que exista uma referência de mulher para que sejamos feministas. Basta haver consciência e humanidade. Nesse exato instante em que escrevo esse desabafo, milhares de mulheres são agredidas e mortas em todo o mundo. Não há um dia sequer que não se mate uma mulher. Muitas que nunca souberam o que é o Feminismo. Muitas que passaram de mão em mão, subjugadas pelo poder patriarcal do pai, do irmão e do marido. Que não souberam o que é afeto e nessa vida só serviram para servir. Que morreram anônimas assim como nasceram. Que não vão ler isso porque nem sabem ler. Que estão mudas, encarceradas. Em prisões, em porões, torturadas. Por nós e por elas também, a partir de amanhã vista sua versão feminista e faça a sua parte. Não se cale, não se omita, não perpetue, não transmita. Seja sempre, a despeito de qualquer coisa, seja sempre Feminista.
Adelaide de Paula Santos em 04/04/2017, às 21:54.
P.S.: Muitos tratam o Feminismo como matéria para alguns poucos privilegiados, algo alheio às pessoas comuns, não é. E, todos nós devemos nos apropriar desses conceitos que estão dando nomes aos problemas que enfrentamos por décadas. Cada um deve ser responsável pela sua formação; se não sabemos do que tratam certos conceitos, devemos ir atrás. A internet está cheia de Vídeos, de Blogs e todo tipo de material informativo. Homens e mulheres precisam se ver como agentes transformadores de Cultura e Valores. Aprendendo e transformando realidades que só fazem sofrer.
O título desse texto foi retirado do livro de mesmo nome escrito por
CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE, uma aula sobre FEMINISMO.
Adelaide Paula
Enviado por Adelaide Paula em 04/04/2017
Alterado em 04/04/2017