OUTONO: ÉPOCA DE SACRIFÍCIO
O outono é sempre igual as folhas caem no final... Afinal, o que o outono tem a nos ensinar? O outono é a estação que vem depois do verão de dias quentes e ensolarados, um extremo. E, antecede o inverno em que o frio predomina. Outro extremo. Ou seja, ele é um meio termo que resguarda a transição entre um extremo e outro. É como um meio de transposição. Um meio termo entre dois extremos. É o veículo que nos prepara para deixar um ponto e chegar a outro. Convida-nos a transitar. Mas, ao embarcarmos nessa viagem, ele nos ensina que para sair daqui e chegar lá, precisamos abandonar algo. Outono é época de sacrifício. É o momento em que surge o sagrado do seu ofício. Sacrifício, entendeu? E para que o sagrado apareça você precisa sacrificar o que o impede de vir. Talvez fale um pouco sobre desapego, sobre a permanente necessidade de aprendermos a nos desprender das vaidades sejam quais forem elas. Por exemplo, aquela que diz que você é magnífica. Esteticamente bonita em determinados padrões e conceitos. Ou, aquela que diz que a razão está sempre com você numa ou noutra disputa sem sentido. Também outra vaidade que quer lhe fazer acreditar que você tem uma vida perfeita e ninguém mais. Balela. Você não é a mais bonita, nem tem sempre razão e sua vida é igualzinha a de todo mundo. Cheia de altos e baixos. Quem sabe o outono queira dizer que chega uma hora que não dá mais, que o melhor é deixar de lado padrões de pensamentos que lhe impedem de evoluir. Aqueles que colocam barreiras em seus relacionamentos. Que julgam o outro e desconsideram a diferença alheia ou pior, consideram-na inferior demais. O fato é que no outono há um estado permanente de largar. É necessário largar alguma coisa para receber outra. Proteger o que realmente importa e abandonar o que já não tem importância. As árvores largam suas folhas sem dó. Uma a uma vão despencando. E sabe por que elas fazem isso? Para sobreviver! Se as folhas não caíssem seriam queimadas durante o inverno e os ciclos de respiração não se completariam, não haveria como absorver a energia necessária a sua existência. É no outono também que o fruto amadurece. Aquele fruto daquela semente que você espalhou, lembra? Pois é, é agora que ele começa a se tornar palatável. Alguns bichos soltam a pelagem, as escamas. É uma cena de morte em vida. Mas, não passa de ritual de renovação. No lugar daquilo que foi deixado, tudo parece renovado. Ou seja, dói, mas vale a pena deixar ir. Talvez um relacionamento estagnado. Um amor que desamou, uma amizade que não “amiga” mais, pelo contrário, intriga, inveja e rivaliza. Talvez seja isso o que o outono ensina. Deixar ir embora, deixar desprender, deixar fluir. Não obstruir o que não pode ser retido. Mas, faça disso um ritual. Recolha-se e reflita sobre medos e impedimentos. Sobre traumas e culpas. Sobre os cárceres aos quais acorrentou a sua alma. Lembre-se do que você não precisa mais. Não a partir de um conceito utilitário, mas a partir de uma expressão libertária. Veja-se evoluindo e agarre-se a isso. Permita-se, como um belo fruto que é, amadurecer!
Adelaide de Paula Santos em 24/03/2017, às 23:59.
Adelaide Paula
Enviado por Adelaide Paula em 24/03/2017
Alterado em 25/03/2017