QUEM MAIS SEMEIA É QUEM COLHE MAIS
Ela nunca perdeu seu tempo com coisa alguma que não tivesse real valor. E coisa importante para ela respondia a pergunta quem e nunca o quê. E mesmo quando insistiam em incomodá-la com uma observação pouco exemplar, ela logo se dava conta que aquilo era provocação, não caía na armadilha não. Desde cedo aprendeu o seu valor e sabia que mesmo negado o Direito era o seu aliado. Aprendeu na bíblia a separar joio de trigo, mas nunca foi apressada, sempre deixou os dois crescerem juntos. Deu ao joio a mesma atenção que ao trigo dera. Fez-lhe seu melhor amigo. Até que se mostrou o que era trigo e fez joio o que joio era. Lançou-o fora. Com o tempo sempre soube pelear. Esperou com esperança ver outro dia raiar. E logo pela manhã saiu a labutar. Lançou na terra as sementes sem se esquivar ou desanimar. Caminhando sempre adiante e nunca olhando para trás, pois a ciência lhe dizia: Quem mais semeia é quem colhe mais. Umas sementes morreram, outras secaram na estrada, e quem diria, algumas pela maldade alheia foram deliberadamente arrancadas. O pranto cobriu-lhe a face, à noite dormia a chorar, pois uma semente perdida é como criança sem lar. Sempre que o dia nascia recomeçava a sonhar. Deixando o travesseiro encharcado, voltava a acreditar. Até que viu com os próprios olhos seus inimigos a cair; um a um foram todos ao chão. Uns ficaram como loucos sem saber o que buscar. Outros perderam a alegria de uma vida simples gozar. Outros, os mais malvados, foram ceifados do lar. Houve ainda os que não geraram o fruto do grande amor. São aqueles que arrancaram as plantinhas já em flor. E vendo isso, ela bem viu a profecia se cumprir: nunca inveje o iníquo que pouco caso faz de Deus. Nunca teve a proteção de um poderoso chefão, mas sempre desconfiou que Deus ao seu lado andasse. Sustentando nos descaminhos, corrigindo o caminhar, livrando das emboscadas que a vida sabe armar. Deus mostrando o bom destino e Maria a desatar os nós de gente perversa que só pensa em mais e mais apertar. Livrou-a de todos os laços: de inveja, de ciúme e despeito. Qualquer um que cruzasse o seu caminho para lhe atrapalhar, tinha que se haver primeiro com o anjo a lhe guardar. De espada em punho armada e escudo a lhe proteger, não houve quem conseguisse sua jornada interromper. Madura e vitoriosa, bonita e amorosa, aos poucos se transformou. Um dia olhando em volta, viu-se cercada de flores, de frutos maduros e doces de um imenso pomar. E para onde quer que olhasse, frutificava-se a vista. Via por todos os lados as sementes que semeou. Todas plantas robustas, de raízes profundas e copas assombreadas. Sua vista se enchia d’água, sentia seu peito arfar. E quando já benfazeja, aguardava a despedida, ouviu de Deus uma palavra: _Segure essa emoção e deixe para depois a Gratidão, pois a promessa que lhe fiz ainda não se cumpriu, não!
Adelaide de Paula Santos, em 22/03/2017, às 23:09
P.S.: "Firme, firme nas promessas de Jesus, meu mestre!"
Adelaide Paula
Enviado por Adelaide Paula em 22/03/2017
Alterado em 22/03/2017