FIM DO MUNDO
Como foi amplamente divulgado o mundo acabou hoje. É, dia 16 de fevereiro de 2017 “time is over” para o mundo. Acabou e fim. Ninguém acreditou nas previsões do astrônomo russo Dyomin Damir Zakharovich feitas em janeiro ao jornal britânico Daily Mail. Mas, ele estava mesmo com a razão. E todos já deveriam desconfiar disso. Afinal, se os russos previram a vitória de Donald Trump nas eleições dos EUA, porque não poderiam acertar a colisão do asteroide 2016 WF9 com a Terra. Logo um objeto que possui um diâmetro estimado entre 0,5 e 1 quilômetro e completa uma volta em torno do Sol a cada 4,9 anos. Pois é, ele acertou o planeta em cheio e já era mundo! Não deu na TV e nos jornais, pois a imprensa acabou. O choque foi tremendo e a bolinha azul ficou esmigalhada. Uma boa parte foi pulverizada, curiosamente, as partes onde existiam países totalitários e cruéis. As grandes, as superpotências desapareceram também. As nações mais ricas, mais urbanizadas, com seus arranha-céus e engarrafamentos, todas sumiram num piscar de olhos. Os pequenos pedaços que sobraram amanheceram sem líderes. Foi-se o Trump, o Putin, o dirigente norte-coreano Kim Jong-Un. Ah, para quem interessar possa, o Temer foi-se também. Dizem por aí que o fim do mundo não foi provocado pelo asteroide, não. Dizem que foi o primeiro ataque militar do presidente americano em resposta ao teste nuclear que a Coreia do Norte realizou no dia 15, anterior ao Apocalipse. Todo mundo sabia que o Trump ia fazer “M”, mas ninguém esperava que fosse tão rápido. Estava todo mundo naquela vibe, primeiro a gente tira o Obama, depois... Pois é, não é? Não teve depois. O planeta terra virou um arquipélago. Pequenas ilhas bem próximas umas das outras. Ainda continua lindo. Dá para ir de canoa de um lugar para outro e, enfim, sair caminhando por esse mundão de meu Deus sem pagar nada. O esquema agora não é mais avião, nem trem, nem navio, nem ônibus, não. Tudo isso acabou, todas as tecnologias também. Não tem rede social, nem self, nem pau de self “Amen, Lord!” Agora é pegar a estrada, caminhando mesmo. Pelo caminho gente vai encontrando gente e vai se virando com o que tem. Parece que só sobrou gente boa porque não se ouviu falar de violência ainda. Parece que todo mundo é “deboas”. Não se vê ninguém carregando nada de valor, tem até gente tirando a roupa e andando nu. Tem muita gente mesmo fazendo isso. Dizem que é para não constranger os índios, pois todos os índios ainda vivos das inúmeras tribos dizimadas ao longo da “evolução” da humanidade, todos reapareceram de dentro das matas. Foram eles os primeiros a ajudar quem se salvou. E, olha, parece que só ficou “bicho-grilo”. Mauricinho, patricinha, doutorzinho, não tem mais não. É todo mundo pé no chão, natureba, vegano, “podes crê” e curtição. Em volta das fogueiras, povos das antigas nações inventam uma língua universal, sem norma ou padrão. E lá, vão comentando o que foi que aconteceu. Dizem que uma tal radiação pegou logo quem estava no carro, celular ou na televisão. Jogando vídeogame, paradão. Isolado num canto, ouvindo no fone uma canção. Ela também atraiu os metais; ouro e prata, bronze e cobre. O relógio, então, foi o receptáculo primeiro. Quem o levava no pulso, não pulsará jamais. Quem ficou está gostando, ainda sentem um pouco pelos parentes, mas são muito conscientes. Tem mãe dizendo na maior frieza: “Eu falei tanto para o Juvenal: vê se larga esse jornal! Venha ver o sol despontando lá no horizonte do Arraial! Mas, qual o quê, Juvenal queria era ficar noite e dia acompanhando o noticiário na TV, no celular ou lá no rádio. Foi-se Juvenal! E, em vez de chorar, a mãe se ria. Não se sabe como, mas acabou-se a melancolia. Quem sobrou tem só alegria, quer de noite, quer de dia. E parece que o tempo anda para trás, pois está todo mundo bonito, jovem até não querer mais. Eu não sei por que fiquei. Dizem que foi para contar a história; porque alguém tem que escrever para no futuro alguém ler. Por que eu? - me perguntei. Mas, desisti de querer saber quando me disseram que o meu ofício agora era escrever, do meu jeito e do meu modo, a história do novo mundo que acabava de nascer. Aí, eu ri e aceitei. Eis aí o meu relato feito com amor para vocês.
Adelaide de Paula Santos em 16 de fevereiro de 2017,às 00:16.
P.S.: E eu aqui achando que ia me livrar dos boletos. : • )
Adelaide Paula
Enviado por Adelaide Paula em 16/02/2017
Alterado em 16/02/2017