O PODER DAS ESCOLHAS
Escolhas, escolhas... Aí, estão vocês sobre a mesa, basta pegar. É isso mesmo? É mesmo assim? Bem, já, já, falamos sobre isso. Hoje saí da minha concha, como faço rigorosamente às sextas – feiras, para assistir a um filme, baseado em fatos reais, sobre três mulheres negras que conquistaram o reconhecimento profissional na NASA. O que foi que você disse? Isso mesmo! Três mulheres negras que, em pleno período de segregação racial, escreveram os seus nomes no rol da fama das viagens espaciais. O filme tem aquele roteiro clássico que leva às lágrimas e que nós, negros, conhecemos bem. Um ciclo ininterrupto de humilhações, constrangimentos e restrições. Mas, não pretendo aqui dar espoiler, não. Vale a pena assistir e degustar do princípio ao fim um dos candidatos ao Oscar deste ano. Dentre os vários acontecimentos do dia de hoje, achei esse filme bem pertinente para falar de algo que diz respeito a todos nós e que, de uma forma ou de outra, está relacionado ao sentimento de plenitude ou felicidade, como queiram. O poder que as escolhas têm sobre nossas vidas. Em uma das cenas a personagem Mary Jackson, interpretada pela atriz e cantora Janelle Monáe, desabafa com as amigas sobre a impossibilidade de cursar Engenharia, já que existe apenas uma universidade no condado e, claro, destinada aos brancos. Em meio às suas lamúrias, a moça é interrompida por Dorothy Vaughan, interpretada por Octavia Spencer, que lhe chama a atenção para as escolhas que ela possui naquele momento que se resumem a desistir e aceitar o que está posto ou lutar de todas as formas por seu sonho. A cena, apesar de simples, é muito forte. Essa conversa dá um clique na Mary Jackson que decide abandonar a inércia e os lamentos e partir para a ação. E, a vida é isso: um constante ritual de escolhas. Desistir, recuar, voltar atrás, insistir, persistir, avançar, enfrentar, parar. Seja qual for sua decisão, a escolha está feita e feita a escolha haverá consequências. O problema não são as consequências em si, mas a forma como fazemos escolhas, às vezes, completamente desatentos. Tanto e, de tal maneira, que não enxergamos que um simples hábito como compartilhar uma informação no whatsapp, por exemplo, pode desencadear uma sequência de outros eventos e tomar uma dimensão incontrolável. E se você está pensando em algum caso específico, cujas consequências foram danosas, não se concentre apenas no resultado da ação, procure refletir sobre o grau de desimportância que essa pessoa deu para o processo de escolha. E isso faz toda a diferença; quanto mais dispersos estamos em relação as nossas vidas, menos discernimento temos para escolher. E a questão é: quando escolhemos com sabedoria, mas as coisas não saem como o esperado, ao menos temos o conforto de saber que estávamos cientes do que queríamos naquele instante e não nos sentimos, indevidamente, vítimas das circunstâncias. O perigo mora no oposto. Você sempre pagará um preço salgado por ter agido sem pensar, sem julgar o devir; Pode acreditar. Outro aspecto importante no processo de escolha, demonstrado em outra cena bem interessante, acontece quando o personagem Al Harrison, interpretado por Kevin Costner, sai em defesa de sua subordinada Katherine Johnson e decide por fim, com as próprias mãos, à segregação racial em seu departamento. Essa cena demonstra que muitas escolhas devem ser assim; uma iniciativa individual em prol da coletividade; sobretudo, se estamos certos de que existe ali um caso flagrante de injustiça e, está em nossas mãos resolver isso. Se somos parte daqueles que estão empoderados suficientemente para fazer a diferença, devemos fazê-la. Isso acontece de maneira recorrente com pessoas que estão em cargos de chefia e, certamente, é o que separa os fortes dos fracos, os meninos dos homens e, principalmente, os chefes dos líderes. Um verdadeiro líder sabe e faz a escolha que muda tudo e, geralmente, muda para melhor. Líderes têm iniciativa e não temem retaliações por fazer o que é certo. A história do filme mostra isso; aquelas profissionais foram empoderadas por pessoas brancas que conseguiram vencer o racismo e a misoginia, dentro de si mesmos e em seu entorno, e reconheceram o valor que aquelas mulheres negras possuíam. Ou seja, líderes sabem fazer escolhas que mudam o cotidiano, mas também, sabem fazer escolhas que podem mudar comportamentos e instigar novos padrões de cultura e valores. São tantos aspectos interessantes a tratar, mas vou para a última lição apreendida com a personagem Dorothy, que ao ver chegar as máquinas que vão roubar o seu emprego e o de suas amigas, decide estudar em casa e sozinha sobre programação de computadores. Com esse exemplo, ela nos ensina que antecipar-se aos acontecimentos é sempre uma excelente escolha; mas só o faz quem está devidamente conectado com os eventos do cotidiano. Para isso, é preciso observar o andamento das coisas, ver como se articulam política e economia, por exemplo. Acompanhar o comportamento do mercado e a capacidade que ele possui, ou não, de absorver a nossa força de trabalho em dez anos ou mais. Saber olhar para si, reconhecer seus talentos e se reinventar. Enfim, a vida é isso. Obviamente, não tão precisa, nem tão exata assim. Há muitas situações em que escolhas alheias interferem diretamente em nossas vidas para o bem ou para o mal. Falam em carma, lei da semeadura, hereditariedade e coisas espirituais, mas seja o que for, isso é tema para outro texto.
Adelaide de Paula Santos 04:24 (Inventei de sair um pouquinho pra bater um papo e beber um vinho e...tô aqui. Ufa!)
Amanhã, eu reviso. Aliás, daqui a pouco.
04/02/2017
Estrelas além do tempo
Título original: Hidden figures Distribuição: Fox País: Estados Unidos
Gênero: drama Ano de produção: 2016
Direção: Theodore Melfi
Elenco:
Taraji P. Henson
Kirsten Dunst
Kevin Costner
Glen Powell
Adelaide Paula
Enviado por Adelaide Paula em 04/02/2017
Alterado em 04/02/2017